Brasil analisa reação global à taxação de aço por Trump

Brasil analisa reação global à taxação de aço por Trump

O governo brasileiro está de olho nas reações de países como México, Canadá e China para definir uma resposta à tarifa de 25% imposta por Donald Trump sobre as importações de aço e alumínio. Segundo fontes do Planalto, qualquer medida adotada será de “reciprocidade”, não de retaliação, afastando a hipótese de taxar big techs em resposta às políticas de Trump.

A nova tarifa, que entra em vigor em 4 de março, pode afetar significativamente o setor siderúrgico em vários países. Atualmente, cerca de 25% do aço utilizado nos Estados Unidos é importado, grande parte vindo de vizinhos como México e Canadá, ou de parceiros na Ásia. Além disso, metade do alumínio consumido no mercado norte-americano também é importada, principalmente do Canadá.

Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA em volume, atrás apenas do Canadá. Já em 2023, os Estados Unidos representaram 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro ou aço, de acordo com dados do governo brasileiro.

Essa não é a primeira vez que Trump tenta taxar aço e alumínio. Durante seu primeiro mandato (2017-2021), ele implementou tarifas e restrições à importação desses produtos, mas tais medidas foram suspensas posteriormente.

Especialistas alertam que os Estados Unidos recebem quase metade das exportações brasileiras de aço, e uma queda nas vendas e nos contratos de exportação pode reduzir a produção nacional. Esse setor gera milhares de empregos no Brasil – só em 2023, foram mais de 257 mil vagas ligadas à produção de alumínio, ferro e aço. Se houver redução na produção, os preços no mercado doméstico tendem a subir, causando mais inflação e menos oportunidades de trabalho.

Para compensar o possível recuo no mercado norte-americano, economistas sugerem explorar outros destinos, como Índia, Europa, Austrália e África do Sul, que também demandam produtos siderúrgicos. Segundo o professor de Finanças e Economia da Universidade Mackenzie, Hugo Garbe, o mundo todo precisa de aço para crescer, e o Brasil pode ampliar relações comerciais com países emergentes.

Dados sobre a balança comercial mostram que a relação entre Brasil e Estados Unidos é equilibrada. Em 2024, o Brasil importou US$ 40,5 bilhões de produtos americanos e exportou US$ 40,3 bilhões, resultando em déficit de US$ 253 milhões. Para Garbe, a postura protecionista de Trump vai contra a tradição liberal defendida pelos Estados Unidos há mais de 200 anos, já que a balança comercial entre Brasil e EUA não apresenta grandes desequilíbrios.

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