O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, alcançando 13,25% ao ano. A medida busca conter os impactos da inflação persistente e a alta do dólar, diante de um cenário econômico global incerto.
No comunicado oficial, o Copom destacou que as incertezas externas, sobretudo nos Estados Unidos, aumentam a volatilidade nos mercados. No Brasil, a inflação segue acima da meta, com núcleos inflacionários pressionados e preocupações fiscais elevando a percepção de risco dos investidores.
A decisão era esperada pelo mercado, já que o Banco Central havia sinalizado a continuidade do aperto monetário na reunião de dezembro. A autoridade monetária confirmou que um novo aumento de 1 ponto percentual está previsto para março, mas não detalhou se a tendência seguirá em maio, reforçando que futuras decisões dependerão do comportamento da inflação.
Impacto no crédito e crescimento econômico:
A alta da Selic encarece o crédito, tornando financiamentos e empréstimos mais caros para empresas e consumidores. Essa estratégia, embora eficaz para conter a inflação, pode desacelerar o crescimento econômico.
No último Relatório de Inflação, o Banco Central revisou a projeção do PIB para 2025 para 2,1%. Já o mercado financeiro, segundo o boletim Focus, prevê um crescimento de 2,06%, refletindo o impacto do aperto monetário na atividade econômica.
Inflação e perspectivas futuras:
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em dezembro, o indicador registrou alta de 0,52%, impulsionado principalmente pelo aumento nos preços dos alimentos.
Com esse resultado, a inflação acumulada de 2024 chegou a 4,83%, acima do teto da meta estipulada para o período. O Banco Central projeta que o IPCA alcance 5,2% em 2025, ultrapassando o limite superior da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%.
Já as previsões do mercado financeiro estão ainda mais pessimistas, estimando que a inflação pode fechar 2025 em 5,5%.
Cenário desafiador:
O Brasil enfrenta um dilema econômico: conter a inflação sem comprometer a retomada do crescimento. O aumento da Selic reforça o compromisso do Banco Central com a estabilidade de preços, mas levanta preocupações sobre os efeitos colaterais no crédito e no consumo.
Enquanto isso, os agentes econômicos acompanham com atenção os desdobramentos da política fiscal e os impactos das medidas globais, especialmente as decisões do Federal Reserve (Fed), nos Estados Unidos, que podem influenciar ainda mais a trajetória da economia brasileira.
A Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e serve como referência para todas as taxas de juros do país, influenciando empréstimos, financiamentos e investimentos.
Como a Selic funciona?
A Selic é a taxa usada nas negociações de títulos públicos federais entre os bancos. Esses títulos são emitidos pelo governo para captar recursos e financiar suas atividades. Quando o Banco Central aumenta a Selic, ele encarece o crédito, reduzindo o consumo e o investimento, o que ajuda a controlar a inflação. Quando a Selic diminui, o crédito fica mais barato, estimulando a economia.
Impacto da Selic na economia:
- Inflação: Se os preços estão subindo rápido (inflação alta), o Banco Central aumenta a Selic para desestimular o consumo e segurar os preços.
- Crédito e Financiamentos: Taxas de empréstimos, cartões de crédito e financiamentos ficam mais caras quando a Selic sobe e mais baratas quando ela cai.
- Investimentos: Renda fixa (como Tesouro Direto e CDBs) tende a pagar mais com a Selic alta, enquanto a Bolsa de Valores pode perder atratividade.
- Crescimento econômico: Juros altos reduzem o consumo e investimentos, desacelerando a economia. Juros baixos incentivam gastos e crescimento.
A Selic é, portanto, uma ferramenta essencial para equilibrar o crescimento econômico e o controle da inflação.