Essa é uma descoberta importante de um estudo recente, publicado na Nature Sustainability, que analisa dados do período de 2000 a 2021. Ele analisa imagens de satélite para estimar a área florestal anual e sobrepõe essas informações com conjuntos de dados nacionais sobre diferentes sistemas de governança e gestão.
As descobertas revelam o “papel vital” dos territórios indígenas e áreas protegidas na conservação da floresta na Amazônia, escrevem os autores.
No entanto, ao longo de 2018-21, a porcentagem de perda florestal anual nessas áreas foi duas vezes maior do que em áreas não designadas, segundo o estudo. Os autores alertam que essa mudança destaca o efeito do “enfraquecimento” das proteções ambientais do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
A grande amazona
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, abrangendo nove países sul-americanos. A maior parte da floresta tropical é encontrada no Brasil, tornando a Amazônia brasileira um hotspot de biodiversidade.
Em 2000, a área florestal total nesta região cobria 394 milhões de hectares.
Esta zona biologicamente rica é dividida em áreas protegidas, territórios indígenas e áreas não designadas. As áreas protegidas são então divididas em duas categorias: proteção estrita (áreas designadas para a conservação da biodiversidade, que subsequentemente têm mais cobertura florestal e menos pressão de desmatamento) e uso sustentável (que permite que as pessoas gerenciem a natureza de forma sustentável e usem seus recursos, como por meio da agricultura sustentável).
Os autores escrevem que os territórios indígenas e áreas protegidas “são cobertos por florestas” e sua contribuição “fortalece substancialmente a conservação da floresta”.
A Amazônia brasileira também abriga cerca de 400 grupos indígenas e possui cerca de 330 áreas protegidas.
Amanda Kayabi, uma líder indígena de 18 anos da Aldeia Samaúma, no Território Indígena do Xingu, disse à Carbon Brief que “nós, como povos indígenas, temos o dever de proteger a Amazônia”.
O nosso território, a nossa floresta, é tudo o que temos: onde vivemos, alimentamos, plantamos alimentos tradicionais, obtemos medicamentos e colheitas, onde rezamos, o ar que respiramos.
Kayabi passa o tempo coletando sementes, atividade que faz desde a adolescência. Ela trabalha junto com outras mulheres indígenas da Rede de Sementes do Xingu, no estado brasileiro do Mato Grosso, cuja missão declarada é “reflorestar o que foi desmatado ao redor do Xingu… não só para o território, mas para o mundo inteiro”, diz Kayabi .