Contribuições antirracistas à Política Externa Brasileira

Brasil e a Diplomacia Antirracista: Um Novo Caminho Global

O Brasil precisa adotar uma política externa antirracista para fortalecer laços com o Sul Global e promover justiça social. O país ainda carrega os resquícios do colonialismo, cujas práticas racistas persistem tanto internamente quanto no cenário internacional. Nesse contexto, o debate sobre a criação do Conselho Nacional de Política Externa Brasileira (CONPEB) surge como uma oportunidade de incluir vozes historicamente marginalizadas e reformular sua atuação diplomática.

A política externa brasileira deve se comprometer com a erradicação do racismo estrutural e a promoção da inclusão étnico-racial, garantindo direitos e oportunidades igualitárias para todos. Além disso, é fundamental que o Brasil rejeite discursos e práticas imperialistas que perpetuam desigualdades globais, como as observadas na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). A participação social se torna um elemento essencial para a construção de políticas mais democráticas e representativas.

A criação do CONPEB permitiria maior participação da sociedade civil na formulação da política externa, assegurando que demandas de grupos negros, quilombolas e indígenas sejam ouvidas. Esse conselho também fortaleceria a governança democrática, garantindo maior estabilidade à diplomacia brasileira e diminuindo sua vulnerabilidade a mudanças de governo. Sua implementação poderia ainda impulsionar a Cooperação Sul-Sul, criando diretrizes para um desenvolvimento global mais equitativo.

Em 2024, a proposta do governo brasileiro de criar uma Cúpula Social no G20 mostrou o interesse em revitalizar a participação social na política externa. Essa iniciativa, aliada ao novo Sistema de Participação Social, pode fortalecer a atuação de movimentos sociais, ONGs e entidades acadêmicas na definição das diretrizes diplomáticas do Brasil. O CONPEB teria um papel crucial ao integrar e consolidar redes transnacionais de movimentos sociais, garantindo que sua atuação seja mais consistente e alinhada com os princípios constitucionais do país.

Se o Brasil deseja ser um protagonista na luta pela justiça social global, precisa se comprometer com uma política externa antirracista e inclusiva. Para isso, deve adotar medidas concretas, como a criação do CONPEB e o fortalecimento da participação social na diplomacia. Assim, será possível construir relações internacionais mais justas e equitativas, alinhadas com as demandas dos povos excluídos e com a necessidade de reformar a governança global.

Fonte: Latinoamerica 21