O ex-presidente Jair Bolsonaro havia descartado os requisitos de visto em 2019 para fortalecer a indústria do turismo do país, mas os quatro países continuaram a exigir vistos dos brasileiros.
A decisão de conceder as isenções de visto representou “uma ruptura com o padrão da política migratória brasileira, historicamente baseada nos princípios de reciprocidade e igualdade de tratamento”, disse o Itamaraty em comunicado.
“O Brasil não concede isenção unilateral de visto de visita, sem reciprocidade, a outros países”, disse o ministério, lembrando que o governo está pronto para negociar acordos de isenção de visto em bases recíprocas.
Bolsonaro criticou a decisão na semana passada. “Mais uma revogação de Lula. Menos empregos e menos estímulos do setor hoteleiro”, disse no Twitter.
Decisões unilaterais como a de Bolsonaro são raras na diplomacia, segundo Leonardo Paz, cientista político da Fundação Getulio Vargas, universidade e think tank. Sua reversão faz parte da ambição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de reafirmar sua política externa, uma área negligenciada por Bolsonaro, disse Paz.
Ainda assim, representantes da indústria do turismo criticaram a mudança
O presidente-executivo de uma das principais atrações turísticas do Rio de Janeiro, os bondinhos do Pão de Açúcar, criticou a decisão. Sandro Fernandes disse que a decisão seria um “revés”.
“Ao invés de fechar a porta para quatro nacionalidades, deveríamos estar discutindo quais são as próximas quatro a liberar isenções de visto. E depois mais quatro. Essa deveria ser a agenda do governo”, disse Fernandes.
Antes da pandemia, o Brasil recebia 6,4 milhões de turistas em 2019, muito abaixo dos 45 milhões do México e menos do que os 7,4 milhões da Argentina, segundo dados da Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas.
Dados do Ministério do Turismo do Brasil indicam que as entradas de americanos, australianos, canadenses e japoneses caíram entre 2019 e 2021, mas a pandemia fez a indústria do turismo global quase parar e é a grande responsável pela queda.