A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) teve início hoje em Dubai, reunindo representantes de aproximadamente 200 países e mais de 70 mil participantes. O evento visa realizar uma avaliação global das ações de cada nação em relação ao compromisso estabelecido no Acordo de Paris, que visa limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
Pela primeira vez desde a assinatura do Acordo de Paris, os países serão submetidos a uma análise minuciosa sobre suas contribuições para a redução do aquecimento global. Pedro Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), destaca que a COP28 representa uma prestação de contas, um momento crucial para revisar e verificar o progresso alcançado.
“A COP28 faz uma revisão do que foi proposto nas edições passadas e verifica como cada país tem evoluído. Ela é uma prestação de contas de cada país”, explicou Côrtes, ressaltando a importância desse momento no cenário climático internacional.
Além disso, a expectativa inclui a reafirmação do compromisso dos países em manter a meta de aumento da temperatura em 1,5ºC. No entanto, Karen Oliveira, diretora de Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil, alerta sobre a possibilidade dessa meta ser revista, considerando o cenário apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Segundo relatório divulgado pelo Pnuma, o mundo corre o risco de atingir um aumento de temperatura de até 2,9ºC até 2100 se não houver mudanças nas políticas atuais, quase o dobro do limite estabelecido pelo Acordo de Paris. O documento também revelou um aumento de 1,2% nas emissões de gases de efeito estufa entre 2021 e 2022, indicando que o mundo está fora da rota para limitar o aquecimento.
A coordenadora adjunta de Política Internacional do Observatório do Clima, Stela Herschmann, ressaltou a necessidade de ações mais drásticas, incluindo a eliminação dos combustíveis fósseis. Ela criticou as tentativas de prorrogar a produção desses combustíveis por meio de soluções tecnológicas que, segundo ela, não são viáveis economicamente e não têm larga escala.
As emissões de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, são o foco central da COP28. Cientistas, sociedades e governos vêm alertando sobre os impactos dessas emissões, que impulsionam a atual crise climática, marcada por eventos extremos como calor excessivo, secas prolongadas e chuvas intensas.
A COP28, além de revisar as metas estabelecidas, serve como uma oportunidade crucial para os líderes mundiais repensarem e intensificarem seus esforços na luta contra as mudanças climáticas. O mundo aguarda por ações concretas que possam reverter o curso atual e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.