A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia detalhando a tentativa de golpe de Estado que teria sido liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e um grupo de aliados. Segundo a acusação, o plano de ruptura da ordem democrática começou a ser articulado ainda em 2021, com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao sistema eleitoral, culminando na invasão dos Três Poderes no 8 de janeiro de 2023.
Principais marcos dessa cronologia, de acordo com a denúncia da PGR
- Julho de 2021: ataques às urnas e ameaça de golpe
- 29 de julho – Bolsonaro realiza uma live no Palácio do Planalto com ataques diretos ao sistema eletrônico de votação e exaltação das Forças Armadas.
- A estratégia é criar desconfiança nas eleições para justificar ações futuras.
- 7 de setembro – Em discurso durante as comemorações da Independência, Bolsonaro ameaça o STF e reforça a possibilidade de não aceitar o resultado das eleições.
- O então presidente diz que “só Deus” o tiraria da Presidência e sugere que pode enfrentar prisão ou morte caso sua reeleição seja barrada
- 2022: radicalização do discurso e preparativos para o golpe
- 5 de julho – Bolsonaro convoca uma reunião ministerial secreta e, segundo a PGR, discute abertamente o uso da força para impedir a vitória de Lula.
- O general Augusto Heleno afirma: “Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições.”
- 18 de julho – Bolsonaro convida embaixadores estrangeiros para uma reunião no Palácio do Planalto e apresenta alegações infundadas sobre fraudes eleitorais.
- O objetivo era preparar terreno para um discurso de fraude em caso de derrota.
- Outubro de 2022: Bolsonaro perde a eleição e a sabotagem começa
- 30 de outubro – Bolsonaro perde para Lula no segundo turno das eleições presidenciais.
- A Polícia Rodoviária Federal (PRF) inicia operações ilegais para dificultar o voto em redutos petistas, segundo a PGR.
- O governo Bolsonaro mantém um discurso golpista e incentiva manifestantes a ocuparem quartéis militares, pedindo intervenção.
- Novembro de 2022: preparação para o golpe militar
- Alta cúpula militar é pressionada a aderir ao golpe.
- Reuniões secretas entre oficiais do Exército e membros do governo tentam convencer generais a impedir a posse de Lula.
- Apenas o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teria aderido à ideia.
- Dezembro de 2022: Bolsonaro foge para os EUA e plano de assassinato
- 15 de dezembro – Segundo a PGR, Bolsonaro aprova um plano para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
- O plano chamado “Punhal Verde-Amarelo” previa o envenenamento de Lula e ataques diretos ao STF.
- O golpe não avança porque o comandante do Exército se recusa a aderir.
- 30 de dezembro – Bolsonaro foge para os Estados Unidos antes do fim do mandato, sem passar a faixa presidencial para Lula.
- 8 de janeiro de 2023: tentativa de golpe nas ruas
- Os apoiadores de Bolsonaro invadem e depredam o Congresso, o Palácio do Planalto e o STF, na maior crise democrática do Brasil desde a Ditadura Militar.
A PGR aponta que os ataques foram organizados por aliados do ex-presidente, que esperavam criar o caos para justificar uma intervenção militar.
O que acontece agora?
Com a denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, deve:
- Abrir prazo de 15 dias para a defesa de Bolsonaro responder às acusações.
- Avaliar a denúncia e levá-la à Primeira Turma do STF.
- Se a denúncia for aceita, Bolsonaro se tornará réu e responderá a um processo penal.
Fonte: Agência Brasil