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Desigualdade na racial: PM do Recife mata apenas pessoas negras pelo segundo ano consecutivo

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Desigualdade na racial: PM do Recife mata apenas pessoas negras pelo segundo ano consecutivo

Desigualdade persistente: estudo revela que todas as vítimas da polícia no Recife em 2022 eram negras. Desafios na segurança pública e combate ao racismo estrutural.
Viatura da Polícia Militar de Pernambuco em frente ao 19º BPM
Viatura da Polícia Militar de Pernambuco em frente ao 19º BPM

No segundo ano consecutivo, um alarmante cenário de desigualdade racial emerge das estatísticas de mortes pela polícia no Recife, conforme apontado pelo Observatório de Segurança. O estudo intitulado “Pele Alvo”, elaborado pela Rede de Observatórios de Segurança em parceria com o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), destaca que todas as vítimas fatais das forças de segurança na capital pernambucana em 2022 eram pessoas negras. Essa triste realidade se repete em outros municípios do Grande Recife, como Igarassu, Olinda e Cabo de Santo Agostinho.

Desigualdade em Números

De acordo com o levantamento, 90% das mortes em operações policiais no estado de Pernambuco foram de indivíduos negros. No total, 91 pessoas perderam a vida em decorrência de intervenções policiais em 2022, sendo 78 delas negras, de acordo com critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa desproporção é ainda mais evidente quando comparada à autodeclaração de pretos e pardos na população, que representa 65,09%, segundo o Censo do IBGE de 2023.

Perfil das Vítimas

O estudo também destaca que a letalidade policial atinge majoritariamente a população jovem. Dos 91 mortos, 68,13% tinham até 29 anos, ressaltando a preocupante situação da violência policial contra os jovens negros. Chocantemente, a vítima mais jovem registrada foi uma criança negra de apenas 6 anos, enquanto a mais idosa tinha 75 anos.

Reflexões sobre o Racismo Estrutural

Edna Jatobá, coordenadora estadual do Observatório de Segurança e do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), destaca que essa disparidade é um reflexo do racismo estrutural presente na sociedade. Ela ressalta a ausência de mecanismos efetivos que impeçam que o viés racista permeie as abordagens policiais.

Aumento Alarmante ao Longo dos Anos

Embora a letalidade policial em Pernambuco seja inferior à observada em outros estados, Jatobá alerta para um aumento significativo nas mortes sob responsabilidade das forças de segurança, chegando a cerca de 200% em menos de uma década. Ela aponta para a necessidade de análise dos dados históricos do estado, destacando que a segurança pública ainda carece de transparência quanto ao plano de ação do “Juntos pela Segurança”, lançado em julho.

Preocupações Futuras

Edna Jatobá expressa preocupações quanto à falta de esclarecimentos sobre a chacina de Camaragibe, sugerindo a possibilidade de operações baseadas em vingança se tornarem mais frequentes se não forem implementadas medidas concretas. Ela destaca a importância de um plano de segurança pública claro para evitar que a permissividade abra espaço para eventos trágicos como o ocorrido em Camaragibe.

O estudo “Pele Alvo” lança luz sobre uma realidade preocupante, destacando a necessidade urgente de ações efetivas para combater o racismo estrutural presente nas abordagens policiais. A sociedade pernambucana clama por transparência, responsabilidade e medidas concretas para reverter a escalada de violência que atinge de forma desproporcional a população negra.

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