Dezenas de crianças indígenas que sofrem de desnutrição e doenças agudas foram hospitalizadas no norte do Brasil, com parentes em redes segurando seus corpos emaciados em cenas que destacam a gravidade de uma crise de saúde pública.
O secretário de saúde de Boa Vista, capital do estado de Roraima, disse na sexta-feira que 59 crianças indígenas estavam atualmente no único hospital pediátrico do estado, 45 delas do povo Yanomami. Oito estavam sob cuidados intensivos.
Isso se compara a um total de 703 internações em todo o ano passado, disse o secretário, observando que a maioria das crianças foi internada por diarréia aguda, gastroenterocolite, desnutrição, pneumonia e malária.
O governo do Brasil declarou na semana passada uma emergência médica no território Yanomami, a maior reserva indígena do país, após relatos de crianças morrendo de desnutrição e outras doenças causadas pela mineração ilegal de ouro.
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As autoridades chamaram a crise de “genocídio”, culpando o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro pela negligência, com alguns dizendo que o território agora parece um “campo de concentração”.
“A desnutrição é o maior problema no momento”, disse a secretária de saúde de Boa Vista, Regiane Matos, à Reuters em entrevista. “Essas pessoas foram esquecidas em suas comunidades. Nos últimos anos só piorou, e o que queremos agora são soluções”.
Ela disse que a mineração ilegal na região “agravou” a crise, poluindo severamente as hidrovias cruciais do território, onde os Yanomamis obtêm água e comida.