Joias e repasses: novas revelações complicam Bolsonaro

Joias e repasses: novas revelações complicam Bolsonaro

As investigações sobre a venda ilegal de joias recebidas pelo governo Bolsonaro ganharam novos desdobramentos após a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Segundo o documento, o militar e seu pai, o general Lourena Cid, fizeram quatro repasses ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), totalizando US$ 78 mil (cerca de R$ 445 mil na cotação atual).

As informações constam no acordo de colaboração firmado entre Cid e a Polícia Federal (PF), cujo sigilo foi retirado nesta quarta-feira (19) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os quatro repasses a Bolsonaro

A delação detalha que o dinheiro foi obtido com a venda de joias nos Estados Unidos, que haviam sido recebidas por Bolsonaro durante seu mandato. Os valores foram entregues ao ex-presidente nas seguintes ocasiões:

  • US$ 18 mil (R$ 103 mil) – entregue por Mauro Cid no Brasil, em junho de 2022.
  • US$ 30 mil (R$ 171 mil) – entregue por Lourena Cid em Nova York, setembro de 2022.
  • US$ 10 mil (R$ 57 mil) – entregue por Lourena Cid no Brasil, no final de 2022.
  • US$ 20 mil (R$ 114 mil) – entregue por Lourena Cid em Miami, fevereiro de 2023, diretamente ao assessor Osmar Crivelatti, que acompanhava Bolsonaro.

A venda desses bens no exterior faz parte do inquérito do STF que investiga Bolsonaro pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Venda ilegal das joias e a tentativa de recuperar os bens

Os indícios do caso surgiram em março de 2023, quando a Receita Federal apreendeu um kit de joias da Arábia Saudita avaliado em R$ 5,1 milhões no Aeroporto de Guarulhos.

  • As joias estavam na mochila de um assessor do então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia), que tentou entrar no Brasil sem declará-las.
  • O governo Bolsonaro tentou recuperar as joias diversas vezes sem pagar os impostos devidos.
  • Nos últimos dias do mandato, em dezembro de 2022, Bolsonaro enviou ofícios à Receita pedindo a liberação das joias, sem sucesso.

Bolsonaro perguntou sobre valor de relógio vendido nos EUA

Segundo a delação de Mauro Cid, Bolsonaro sabia do valor elevado das joias. Em uma ocasião, ao receber um relógio Patek Philippe no Bahrein, em 2021, ele perguntou:

“Relógio caro, quanto é que tá?”

Cid afirmou que pesquisou o valor na internet e mostrou o resultado ao ex-presidente. O Patek Philippe e um Rolex de ouro branco com diamantes foram vendidos nos EUA por US$ 68 mil (R$ 350 mil).

Próximos passos na investigação

  • Bolsonaro já foi indiciado pela PF no caso das joias, junto com 11 aliados, por crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
  • A denúncia será analisada pelo STF, que pode aceitar a acusação e abrir um processo criminal contra o ex-presidente.
  • Caso condenado, Bolsonaro pode enfrentar penas severas, incluindo prisão e a perda de seus direitos políticos.

O caso das joias se soma à crescente lista de investigações que atingem Bolsonaro, incluindo a tentativa de golpe de Estado e a disseminação de fake news sobre as urnas eletrônicas.

Fontes adicionais: CNN Brasil, Gaucha ZH, G1 Globo