A guerra no Sudão, iniciada em abril de 2023, entre as Forças de Suporte Rápido (RSF) e as Forças Armadas do Sudão (SAF), levou a uma crise humanitária de proporções alarmantes.
De acordo com as Nações Unidas, mais de um milhão de pessoas fugiram do Sudão em direção ao Sudão do Sul. Dados recentes mostram que, nos últimos 21 meses, mais de 770 mil pessoas cruzaram a fronteira pelo posto de Joda, no norte do Sudão do Sul. Outras dezenas de milhares atravessaram por diferentes pontos fronteiriços.
Em comunicado conjunto do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) e da Organização Internacional para Migrações (OIM), foi destacado que o número de refugiados no Sudão do Sul supera um milhão desde o início do conflito.
Sanaa Abdalla Omer, representante do ACNUR, declarou:
“A chegada de mais de um milhão de pessoas ao Sudão do Sul é um dado impactante, mostrando a crescente escala desta crise.”
A maioria dos que cruzam a fronteira são sul-sudaneses que já haviam fugido da guerra civil em seu próprio país. A população local, apesar de seus recursos limitados, tem demonstrado generosidade ao acolher os refugiados. Contudo, as condições de infraestrutura estão no limite. Centros de trânsito em Renk, projetados para até 5 mil pessoas, abrigam atualmente mais de 16 mil.
Recursos Sobrecarregados e Fome
A ONU alertou sobre a necessidade urgente de apoio internacional para os deslocados e as comunidades anfitriãs, destacando que serviços básicos como saúde, água e abrigo estão perigosamente sobrecarregados.
O conflito, que se aproxima de seu segundo ano, resultou na morte de dezenas de milhares e deixou 25 milhões de pessoas – metade da população do Sudão – em situação de fome severa, necessitando urgentemente de ajuda humanitária.
Em dezembro, o Comitê de Revisão de Fome da Classificação de Fases de Segurança Alimentar Integrada (IPC) confirmou condições de fome em cinco áreas do Sudão, incluindo o maior campo de deslocados do país, Zamzam, na província de Darfur do Norte.
Cidades como Abu Shouk e al-Salam, abrigando deslocados internos em El Fasher, capital sitiada de Darfur do Norte, e as Montanhas Nuba, também enfrentam condições de fome crítica.