A morte na prisão do opositor russo Alexei Navalny encerrou hoje uma vida dedicada ao ativismo político. Iniciando no ultranacionalismo, sua carreira desviou para a luta contra a corrupção e a guerra, atitudes que o Kremlin classificou como “extremismo”.
Na véspera de sua condenação a 19 anos de prisão, em agosto passado, Navalny antecipava uma pena “longa, estalinista” e incentivava os russos a “resistir” ao regime. Com 47 anos, sua vida terminou na colônia penal ártica de Yamal-Nenets, superando um envenenamento em 2020, pelo qual culpou o Kremlin.
O irregular percurso político de Alexei Navalny, principal crítico do Kremlin e de Vladimir Putin, ganhou notoriedade pelo foco no combate à corrupção nos círculos de poder. A despeito das repressões, decidiu permanecer em Moscou, enfrentando processos e penalidades.
Após fricções e uma passagem pela Universidade Yale, Navalny destacou-se nos protestos contra o partido de Putin, tornando-se uma voz líder da oposição. Sem um programa político específico, focou no combate à corrupção e na defesa de eleições livres e justas, revelando escândalos significativos e fundando o Fundo de Luta Contra a Corrupção (FBK).
Acusando Putin por seu envenenamento e após uma tentativa de candidatura presidencial frustrada, Navalny enfrentou prisão e condenações sob acusações de “fraude” e “desrespeito ao tribunal”. Sua resistência incluiu uma greve de fome em protesto às condições de detenção, continuando a criticar a invasão russa da Ucrânia.
Navalny recebeu o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, simbolizando sua importância como opositor a Vladimir Putin. Em sua última intervenção pública, propôs um ato simbólico de oposição ao regime, marcando seu papel duradouro na luta pela democracia na Rússia.