O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, anunciou sua renúncia nesta segunda-feira (26), visando facilitar a formação de um amplo consenso entre os palestinos em relação aos acordos políticos, em meio à recente escalada de violência entre Israel e o grupo islâmico Hamas na região de Gaza.
A renúncia de Shtayyeh surge em um momento de crescente pressão dos Estados Unidos sobre o presidente Mahmoud Abbas para que este reestruture a Autoridade Palestina (AP). Tal iniciativa se dá em consonância com os esforços internacionais para pôr fim aos conflitos em Gaza e estabelecer uma estrutura política que governe o enclave após os combates.
A medida ainda está sujeita à aceitação por parte de Abbas, que pode solicitar que Shtayyeh permaneça como interino até a nomeação de um sucessor permanente.
Em sua declaração ao gabinete, Shtayyeh, um economista acadêmico que assumiu o cargo em 2019, enfatizou a necessidade de considerar a realidade enfrentada em Gaza, amplamente devastada após meses de confrontos intensos.
Ele ressaltou que a próxima fase exigirá “novos arranjos governamentais e políticos que levem em conta a realidade emergente na Faixa de Gaza, as negociações de unidade nacional e a necessidade urgente de um consenso interpalestino”. Ademais, defendeu a extensão da autoridade sobre todo o território palestino.
A Autoridade Palestina, estabelecida há três décadas sob os acordos de paz provisórios de Oslo, exerce autoridade limitada sobre partes da Cisjordânia ocupada, tendo perdido o controle de Gaza em 2007 após confrontos com o Hamas.
As facções Fatah, que controla a AP, e o Hamas têm buscado um acordo para formar um governo de unidade e devem se reunir em Moscou na quarta-feira (28), segundo uma autoridade do Hamas.
“A renúncia do governo de Shtayyeh só faz sentido se ocorrer dentro de um consenso nacional sobre os arranjos para a próxima fase”, afirmou à Reuters Sami Abu Zuhri, autoridade sênior do Hamas.
Israel expressou sua determinação em destruir o Hamas e declarou que não aceitará o governo da Autoridade Palestina sobre Gaza após os conflitos. A guerra teve início após um ataque liderado pelo Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, resultando na morte de aproximadamente 1.200 israelenses e estrangeiros, de acordo com registros oficiais.
Até o momento, quase 30 mil palestinos foram mortos nos confrontos em Gaza, e grande parte da população foi deslocada de suas residências, conforme relatam autoridades de saúde.