O Brasil colherá 189,5 milhões de toneladas combinadas de soja, milho e arroz no verão, enquanto tem capacidade total de armazenamento de 187,9 milhões de toneladas, mostram os dados.
A situação destaca os gargalos logísticos históricos do Brasil, que este ano pode ser agravado por uma grande safra de milho de inverno.
Também desafia o plano do novo governo de reativar os estoques governamentais de arroz, feijão e milho para garantir a segurança alimentar e o abastecimento local de ração animal.
“É possível que no pico da safra de soja, na segunda quinzena de fevereiro, março, tenhamos o velho problema de não encontrar armazéns”, disse em entrevista Stelito dos Reis Neto, chefe de armazenagem da Conab. “Talvez seja um pouco pior este ano.”
Paulo Polezi, CFO da fabricante de silos Kepler Weber, disse à Reuters que o déficit de armazenamento apenas reforçou a necessidade de investir em tais estruturas no Brasil. Ele citou um estudo dizendo que um investimento de R$ 10 bilhões (US$ 1,96 bilhão) era necessário para fechar a lacuna de armazenamento.
Polezi também observou que a falta de estoques intermediários significa que grandes volumes de grãos precisam ser movimentados ao mesmo tempo, aumentando os custos de frete nos horários de pico da temporada.
A participação da Conab na capacidade total de armazenamento do Brasil é de 1%.
Neto Reis disse que o Brasil praticamente não teve concorrência no primeiro semestre, quando exporta a maior parte de sua safra de soja, o que alivia a pressão de estocagem.
Mas no segundo semestre os problemas logísticos do Brasil se agravam em meio a uma maior competição nos mercados de exportação, principalmente com a chegada da safra de soja nos Estados Unidos.
Após a colheita da soja no Brasil, o país semeia sua segunda safra de milho. Neste inverno, aumentará a produção em 12%, para cerca de 96 milhões de toneladas de milho.