Sete Lagoas, município localizado na Região Central de Minas Gerais, tem sido palco de uma sequência de tremores de terra, totalizando mais de 25 registros nos últimos quatro anos. Recentemente, apenas nesta terça-feira (16), foram documentados três eventos sísmicos em menos de sete horas. Especialistas da Universidade de Brasília (UNB) estão se preparando para uma expedição na região, visando aprofundar os estudos sobre a atividade sísmica que tem intrigado os moradores locais.
A Região Sudeste, especialmente o interior de São Paulo e todo o estado de Minas Gerais, é reconhecida como uma das áreas com maior atividade sísmica no Brasil, de acordo com o sismólogo Bruno Collaço, do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). Causados principalmente por pressões geológicas significativas na crosta terrestre, os tremores são, em sua maioria, naturais.
Dados do Boletim Sísmico Brasileiro indicam que eventos sísmicos têm sido registrados em Sete Lagoas desde a década de 1930, mas nos últimos anos, a frequência desses tremores tem aumentado. Em 2022, por exemplo, foram contabilizados 20 eventos, todos com magnitude inferior a 3 na escala Richter, não representando perigo para a população, apesar de muitos moradores afirmarem senti-los.
O que intriga os especialistas é a causa dessa intensificação na atividade sísmica na região. De acordo com Lucas Vieira Barros, professor e pesquisador do Observatório Sismológico da UNB, Minas Gerais possui mais falhas geológicas do que outras partes do país. Essas “fraturas” na rocha, ao longo das quais os sismos ocorrem, são resultado de movimentações repentinas causadas por pressões geológicas.
O pesquisador destaca a fragilidade dessas regiões, exemplificando com o caso de Itacarambi, no Norte do estado, que em 2007 registrou um tremor de magnitude 4,9, resultando na única morte por terremoto no Brasil. Segundo Barros, Minas Gerais apresenta muitas falhas geológicas ativas, mas a falta de estudos detalhados dificulta a precisão na localização dessas falhas.
Para superar esse desafio, pesquisadores da UNB planejam uma expedição à região de Sete Lagoas ainda nesta semana. O objetivo é instalar estações sismográficas para mapear com maior precisão as falhas geológicas responsáveis pelos tremores. A estação sismográfica mais próxima da cidade está a aproximadamente 140 km de distância, tornando crucial uma investigação mais detalhada para compreender a origem e a intensificação desses eventos sísmicos.
