O Texas enfrenta seu maior surto de sarampo em quase três décadas, com 124 casos registrados até 25 de fevereiro de 2025. O surto, iniciado em janeiro, tem seu epicentro no condado de Gaines, onde já foram confirmados 80 casos. O vírus se espalhou para outros oito condados e também chegou ao condado de Lea, no Novo México.
Autoridades de saúde alertam a população, especialmente nas áreas mais afetadas, para revisar seus registros de vacinação e garantir a imunização com a vacina MMR (tríplice viral), essencial para conter a transmissão.
Baixa vacinação impulsiona avanço da doença
Especialistas apontam que a queda na taxa de imunização e o aumento de isenções vacinais são os principais fatores por trás da rápida disseminação do vírus. Segundo o epidemiologista Dr. David N. Fisman, 85 dos 90 primeiros casos de sarampo ocorreram em pessoas não vacinadas, a maioria crianças e adolescentes.
O condado de Gaines, epicentro do surto, tem uma taxa de vacinação de apenas 80%, muito abaixo dos 95% necessários para imunidade coletiva. “Se a vacina não funcionasse, veríamos 80% dos infectados já vacinados, mas na realidade, apenas 5-6% estavam imunizados. Isso prova que o problema é a falta de vacinação, e não falhas no imunizante”, explicou Fisman.
Nomeação de Robert Kennedy Jr. e impacto na crise
A nomeação de Robert F. Kennedy Jr. como Secretário de Saúde dos EUA reacendeu debates sobre políticas de vacinação. Kennedy, conhecido por suas posições contrárias à vacinação, prometeu não alterar os cronogramas de imunização, mas sua presença no governo levanta preocupações entre especialistas.
Especialistas alertam que o surto no Texas reflete a baixa cobertura vacinal, e a crise pode se agravar sem um esforço público para aumentar a adesão às vacinas. Ainda destacam que o sarampo é uma das doenças mais contagiosas, e uma pessoa infectada pode transmitir o vírus para até 18 indivíduos não vacinados.
Escolas com baixas taxas de vacinação agravam surto
Outro fator preocupante é a queda nas taxas de vacinação infantil. Segundo o especialistas, as taxas de imunização em escolas do Texas estão perigosamente baixas. No condado de Gaines, apenas 46% das crianças do ensino infantil receberam a vacina MMR. No condado de Lubbock, esse índice é de 60%.
Além disso, o número de pais que optam por isenções vacinais cresceu drasticamente. No condado de Gaines, 17% das crianças estão isentas de vacinação, contra apenas 7% há uma década. Em Dawson, outro condado afetado, as isenções subiram de 0,5% para 10% no mesmo período.
“A disseminação do sarampo nessas áreas não é surpresa. Sem cobertura vacinal adequada, o vírus encontra um caminho fácil para se espalhar”, ressalta Akpan.
Surto deve se espalhar ainda mais, alertam especialistas
O professor Gerald Evans ( Professor & Chair, Division of Infectious Diseases, Departments of Medicine, Biomedical & Molecular Sciences, Pathology & Molecular Medicine, Queen’s University, Ontario, Canada.) acredita que o surto continuará crescendo, não só no Texas, mas em outras partes dos EUA. “A desinformação sobre vacinas e a queda na imunização deixaram cerca de 10% da população vulnerável ao sarampo, e o impacto será sentido, principalmente, em comunidades com baixa cobertura vacinal”, afirma.
Dado que 1 a cada 1.000 infectados morre por complicações da doença, a crise de saúde pública pode se intensificar. Especialistas reforçam a necessidade urgente de ações para aumentar a vacinação e conter a propagação do sarampo antes que a situação saia ainda mais do controle.
Como os brasileiros podem se proteger contra o sarampo?
Embora o surto de sarampo esteja ocorrendo nos Estados Unidos, o Brasil já enfrentou epidemias da doença no passado, especialmente devido à queda na cobertura vacinal. Para evitar a propagação do vírus e proteger a população, algumas medidas essenciais podem ser adotadas:
1. Vacinação é a principal defesa
- A vacina tríplice viral (MMR) protege contra sarampo, caxumba e rubéola e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
- O Ministério da Saúde no Brasil recomenda duas doses: a primeira aos 12 meses de idade e a segunda aos 15 meses.
- Adolescentes e adultos não vacinados devem atualizar suas doses conforme o calendário de vacinação.
- Viajantes internacionais devem se certificar de que estão vacinados antes de visitar países onde o sarampo está em surto, como os EUA.
2. Fique atento aos sintomas
O sarampo é altamente contagioso e pode ser grave, especialmente em crianças pequenas e pessoas com imunidade baixa. Os principais sintomas incluem:
- Febre alta, acima de 38,5°C
- Manchas vermelhas pelo corpo
- Tosse persistente
- Coriza e conjuntivite
- Pequenas manchas brancas na boca (manchas de Koplik)
Caso apresente algum desses sintomas, procure um posto de saúde imediatamente e evite o contato com outras pessoas.
3. Evite ambientes com risco de contaminação
Se houver surtos locais ou se você viajar para um país com casos de sarampo:
- Evite locais fechados e com aglomerações, onde a transmissão pode ocorrer mais facilmente.
- Use máscara em áreas de surto para reduzir o risco de contaminação.
- Reforce hábitos de higiene, como lavar bem as mãos e evitar tocar o rosto sem higienização.
5. Combata a desinformação sobre vacinas
A hesitação vacinal tem sido um grande problema global. Para garantir que mais pessoas se protejam:
- Busque informações em fontes confiáveis, como o a Organização Mundial da Saúde (OMS).
- Compartilhe informações corretas e ajude a desmentir fake news sobre vacinas.
- Incentive amigos e familiares a se vacinarem.
Com essas medidas, os brasileiros podem prevenir o sarampo e evitar novos surtos no país, protegendo a saúde coletiva.
Fonte: The Guardian, Texas Health & Human Services, Newsweek