A ameaça de tarifas agressivas propostas por Donald Trump a produtos importados está gerando alerta na indústria brasileira. Além do risco direto de taxações, as medidas podem reconfigurar o comércio mundial, especialmente com a escalada do conflito entre EUA e China.
EUA vs. China: O Efeito Dominó
Após Trump anunciar tarifas de 10% sobre produtos chineses em janeiro, a China retaliou com taxas similares. Agora, o possível acordo entre as potências é visto com ceticismo. Especialistas apontam que a China, menos dependente dos EUA desde 2017, busca fortalecer laços com países emergentes, como o Brasil. Em 2024, os chineses já respondiam por 24,2% das importações brasileiras — um percentual que tende a crescer.
Impactos Imediatos: Produtos Baratos, Mas a Que Custo?
No curto prazo, a entrada de produtos chineses a preços reduzidos pode beneficiar consumidores, mas setores como máquinas, têxteis e automóveis já sofrem:
- Queda de 8% no faturamento da indústria de máquinas – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
- Aumento de 33% nas importações chinesas no mesmo setor.
- “Dumping” prejudica produção local, alerta a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG).
No médio prazo, a desindustrialização e o desemprego preocupam. “Empresas já demitem em massa”, afirma a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).).
O Caso do “Imposto das Blusinhas”
A taxação de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50, defendida pelo setor têxtil, reflete a luta por regras justas contra gigantes como Shein e AliExpress. A medida, porém, não resolve a assimetria competitiva, que pressiona o dólar e pode elevar a inflação, forçando o Copom a manter juros altos.
Macroeconomia Sob Pressão
- Setor automotivo: Financiamentos caíram para 30% em 2023, com incertezas sobre juros.
- Energia eólica: De 7 fabricantes, restaram 3 no Brasil.
- Dólar forte: Impacta custos e dificulta exportações.
Oportunidades na Crise?
A Associação Brasileira dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) destaca que o Brasil pode aprofundar relações comerciais globais, mas exige estratégia clara. “É hora de serenidade e adaptação”, afirma.
O “Tarifaço” de Trump: O Que Esperar?
Além de taxar aço e alumínio, Trump ameaça:
- Tarifas recíprocas a países como Brasil (exemplo: etanol).
- Taxas de 100% para BRICS que desafiem o dólar.
- Retaliações da UE, que prepara medidas contra produtos americanos.
Conclusão: Inflação e Juros em Jogo
Economistas alertam que as tarifas podem elevar a inflação global, dificultando o controle de preços pelo Fed. No Brasil, a valorização do dólar e a fuga de capitais podem levar o BC a elevar a Selic, freando a economia. Enquanto isso, a indústria cobra uma agenda de competitividade para evitar colapso.
Fontes: Bloomberg, Broadcast, G1 Globo, InvesTalk, Gazeta do Povo