Uso de escudos humanos: Exército israelense sob acusações em Gaza

Uso de escudos humanos: Exército israelense sob acusações em Gaza

Um novo relatório revelou que o exército israelense forçou um idoso palestino de 80 anos a atuar como escudo humano em Gaza, amarrando um cordão explosivo ao seu pescoço e ordenando que ele avançasse à frente das tropas para identificar possíveis ameaças. O homem, que utilizava uma bengala para se locomover, foi posteriormente morto a tiros junto com sua esposa ao tentar deixar a área.

A investigação, conduzida pelo portal israelense The Hottest Place in Hell em parceria com a revista +972 Magazine, detalha como um oficial sênior da Brigada Nahal impôs a humilhação e o risco ao idoso. Durante oito horas, ele foi obrigado a entrar em casas antes dos soldados para verificar se havia armadilhas ou combatentes.

Segundo testemunhas, após os militares ordenarem que ele e sua esposa fugissem em direção ao sul da Faixa de Gaza, um outro batalhão israelense abriu fogo contra o casal, sem aviso prévio, matando-os instantaneamente.

Uso sistemático de escudos humanos

Esse não é um caso isolado. Testemunhos e investigações anteriores indicam que o uso de civis palestinos como escudos humanos tem sido uma prática recorrente das forças israelenses, apesar de ser proibida pelo direito internacional.

Em agosto de 2023, o jornal israelense Haaretz revelou que soldados israelenses sequestravam palestinos, os vestiam com uniformes militares e os forçavam a entrar em túneis subterrâneos e edifícios suspeitos com câmeras presas aos corpos, servindo como batedores involuntários para as tropas.

Além disso, em junho, imagens mostraram soldados israelenses na Cisjordânia amarrando um palestino ferido ao capô de um jipe militar, em uma cena descrita pela ONU como “um flagrante exemplo de escudo humano em ação”.

Denúncias internacionais e impunidade

O uso de escudos humanos por forças militares tem sido amplamente condenado por organizações de direitos humanos. Francesca Albanese, relatora especial das Nações Unidas para os territórios palestinos ocupados, denunciou repetidamente essas violações, mas até agora não houve responsabilização efetiva.

O caso do idoso palestino em Gaza expõe mais uma vez o brutal custo humano do conflito. Enquanto as tensões aumentam e as operações militares continuam, a comunidade internacional enfrenta o desafio de impedir que essas práticas continuem impunes.

Fontes adicionais: +972 Magazine, Al Jazzera