No dia 31 de agosto de 2023, às 01:35 GMT, está programada a ocorrência de um evento astronômico fascinante: a segunda Lua Cheia em um único mês do calendário. Popularmente conhecida como Lua Azul, essa designação, no entanto, é fruto de um mal entendido. Este artigo explora o verdadeiro significado da Lua Azul e suas origens intrigantes, apresentando os conceitos de Lua Azul sazonal e calendária.
Lua Azul: um mistério ancestral
A designação de “Lua Azul” tem uma história enigmática, perdurando por séculos. Sua origem remonta a pelo menos quatrocentos anos atrás, associando-se à ideia de algo que raramente aconteceria, tal como expresso na frase em inglês “once in a Blue Moon”.
Lua Azul Sazonal: a terceira lua cheia
A Lua Azul sazonal surge como a terceira Lua Cheia dentro de uma estação astronômica composta por quatro delas. Tradicionalmente, uma estação, definida pelos solstícios e equinócios, apresenta três meses e consequentemente três Luas Cheias. Contudo, em algumas ocasiões, uma quarta Lua Cheia emerge.
O intervalo das Luas Azuis Sazonais
As Luas Azuis sazonais são eventos relativamente raros. Geralmente, um ano astronômico comporta cerca de doze Luas Cheias, considerando que um ciclo lunar tem aproximadamente um mês. Entretanto, devido à duração real de 29,5 dias de um ciclo lunar, são necessários 354 dias para completar doze ciclos. Essa contagem não se alinha com os 365/366 dias de um ano, resultando na ocorrência de uma Lua Cheia “extra” a cada 2,5 a 3 anos, dentro de uma estação.
As origens da Lua Azul Sazonal
A peculiaridade da Lua Azul sazonal reside no fato de sempre ser a terceira Lua Cheia em uma estação astronômica com quatro Luas Cheias. A explicação possivelmente remonta ao calendário eclesiástico cristão. Ao calcular datas importantes como a Quaresma e a Páscoa, o clero católico identificou a Lua da Quaresma (a última Lua Cheia do inverno) e a Lua da Páscoa (a primeira Lua Cheia da primavera). A terceira Lua Cheia da estação, por sua antecipação, foi rotulada como “Lua da traição”, evitando conflitos nas datas festivas da Igreja.
Uma breve incursão no século XIX
Outra interpretação remonta ao século XIX, quando o extinto Maine Farmer’s Almanac listava todas as Luas Cheias do ano, cada uma associada a um nome tradicional correspondente ao mês. O desafio surgiu com a “Lua extra”, levando os autores a cunhar um nome especial para manter a coerência.
Lua Azul Calendária: a segunda lua cheia
A Lua Azul calendária é mais familiar para a maioria, ocorrendo quando há duas Luas Cheias em um único mês do calendário. No entanto, essa definição é resultado de um equívoco cometido pelo astrônomo amador James Hugh Pruett em 1946. Sua interpretação errônea da definição sazonal, compartilhada na revista Sky & Telescope, se propagou na mídia e superou a concepção original.
A frequência das Luas Azuis Calendárias
As Luas Azuis calendárias podem ocorrer com mais frequência do que as sazonais. Porém, essas datas não são uniformes globalmente, devido às diferenças nos fusos horários. Enquanto regiões como China, Japão, Coreia, Austrália e Nova Zelândia experimentarão uma Lua Azul calendária em 30 de janeiro e 30 de março de 2029, o restante do mundo testemunhará esse fenômeno apenas em 31 de dezembro de 2028.
A incerteza da próxima Lua Azul
É importante observar que as datas exatas das Luas Cheias variam conforme o fuso horário. Utilizando ferramentas como a guia “Moon” no calendário Sky Tonight, é possível identificar os meses com duas Luas Cheias de acordo com a sua localização.
A próxima Lua Azul: uma superlua em potencial
A próxima Lua Azul calendária está prevista para 31 de agosto de 2023, às 01:35 GMT. Esta também será a Lua Cheia mais luminosa e imponente do ano, devido à sua proximidade excepcional com a Terra, criando uma Superlua.
A cor da Lua Azul: além do nome
Apesar da nomenclatura “azul” e das representações em tons de azul nas imagens, a verdadeira Lua Azul não possui essa coloração. No céu, ela assume um tom de cinza pálido ou branco. A coloração azulada é um fenômeno ocasional, dependente das condições atmosféricas. Um exemplo notável ocorreu em 1883, após a erupção do vulcão Krakatoa, quando a Lua adquiriu uma tonalidade azulada devido às partículas em suspensão na atmosfera.
Entre Mistério e Equívoco
A Lua Azul não se trata de um fenômeno astronômico específico, mas sim da conjunção entre o ano calendário e o ciclo lunar, que resulta na terceira Lua Cheia de uma estação ou na segunda Lua Cheia em um mês. Ela é uma peça intrigante no quebra-cabeça celeste, lembrando-nos da complexidade das interações entre os calendários humanos e os movimentos celestiais.
