O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, não tem data prevista para votar o projeto que equipara o aborto ao crime de homicídio simples. A decisão foi confirmada por aliados de Lira e membros do governo.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães, construiu um acordo com as lideranças e com Lira para deixar a votação em aberto. A intenção é postergar a votação para depois das eleições municipais, ganhando tempo para mobilizar o debate na sociedade.
Há desconfiança se Lira cumprirá o acordo. Apesar dos apelos governistas, ele pautou a votação da urgência do PL do Aborto, que foi aprovada em votação simbólica e relâmpago, agilizando a análise do projeto no plenário.
A deputada Maria do Rosário criticou o projeto, afirmando que ele é violento para com crianças e mulheres vítimas de violência. Segundo ela, o objetivo é mostrar ao presidente da Câmara que o PL aprofunda a dor e tragédia na vida das vítimas.
A oposição cobra Lira pelo compromisso de campanha à reeleição à Câmara. Sóstenes Cavalcante, autor do projeto, espera ver o texto votado em até duas semanas, afirmando que Lira se comprometeu com as pautas conservadoras.
Lira busca amarrar o apoio da oposição à sua escolha para sucessão no comando da Casa. O ex-presidente Jair Bolsonaro firmou compromisso de apoiar Lira, mas a bancada de 95 deputados ainda demonstra resistência.
Em enquete no site da Câmara, 72% dos participantes discordam totalmente do PL que equipara aborto ao homicídio, enquanto 28% concordam. A votação reflete a controvérsia em torno do tema, envolvendo questões de saúde pública e direitos reprodutivos.
O Congresso Nacional segue avançando com a proposta em um Legislativo marcado por posições conservadoras. Grupos de defesa dos direitos das mulheres argumentam que o projeto pode criminalizar mulheres e aumentar procedimentos inseguros.