A democracia é comumente entendida como “o poder do povo”, derivada do grego “demos” (povo) e “kratos” (poder). Winston Churchill uma vez descreveu a democracia como “a pior forma de governo, com exceção de todas as outras”. Contudo, a realização de eleições é suficiente para afirmar que o povo exerce poder? Segundo o Economist Democracy Index, a resposta é não. Vários países que têm eleições são classificados como regimes híbridos, como o México, ou autoritários, como a Rússia. Mesmo Portugal, que celebra o cinquentenário da Revolução de 25 de Abril, é considerado uma “democracia com falhas”, assim como outros países da União Europeia e grandes nações como os Estados Unidos e a Índia.
Regressão Global da Democracia:
A história recente mostra um recuo global em democracia, conforme observado por António Barreto. Na década de 1970, a democratização avançava com o fim de regimes autoritários em Portugal, Grécia e Espanha. Entretanto, hoje a situação é inversa, com um número crescente de países e populações vivendo sob regimes não democráticos, com 71% dos habitantes do planeta em regimes autocráticos segundo o índice V-Dem.
Perspectivas Atuais e Futuras:
O jornalista americano Dennis Redmont aponta que países como Itália e Portugal, apesar de serem democracias com falhas, enfrentam desafios significativos, como baixas taxas de natalidade e crescimento econômico anêmico, que minam a confiança dos cidadãos no futuro. Ele também destaca a crescente desconfiança em políticos e maior confiança em CEOs de empresas privadas. Olhando para o futuro, Redmont discute a preocupação com novas legislações na União Europeia que podem impactar a liberdade e a transparência.
Críticas aos Índices de Democraticidade:
Diferentes índices avaliam a saúde democrática dos países, muitas vezes com resultados dissonantes. Por exemplo, enquanto Canadá é uniformemente avaliado como uma democracia plena, os Estados Unidos são considerados uma democracia com falhas. O historiador António Costa Pinto destaca que, apesar de algumas classificações menos favoráveis, Portugal mantém uma boa posição em liberdades fundamentais, estando entre os países mais democráticos do mundo segundo a Economist.
Essa análise evidencia que, enquanto algumas democracias enfrentam desafios internos e externos significativos, o compromisso com princípios democráticos continua sendo um pilar crucial para a sustentabilidade e saúde das sociedades modernas.