DAVOS, Suíça – A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, disse nesta terça-feira que os investimentos internacionais não se concretizaram como contribuições para ajudar seu país a reduzir o desmatamento na Amazônia e contribuir para o combate às mudanças climáticas globais. Ela disse que o Brasil recuperou a confiança do Parlamento Europeu no que diz respeito à resistência ao acordo comercial da UE com o bloco sul-americano do Mercosul.
Falando no Fórum Econômico Mundial (WEF), Silva disse que o novo governo do Brasil, que assumiu em 1º de janeiro, está reconstruindo as agências e políticas ambientais do Brasil que foram “completamente desmanteladas” pela administração anterior.
Silva disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se ofereceu para realizar a cúpula do clima COP30 na região amazônica em 2025 para mostrar seu compromisso com a redução das mudanças climáticas.
“Existe uma boa regulamentação global, mas faltam investimentos e os US$ 100 bilhões que os países ricos comprometeram ainda não chegaram. Precisamos ter recursos para ações de mitigação e também de adaptação agora”, afirmou.
“A responsabilidade de preservar a floresta amazônica não é só nossa”, acrescentou.
Silva disse que o Brasil precisa de parcerias e apoio tecnológico.
“Podemos reduzir o desmatamento na Amazônia a zero, mas se o resto do mundo ainda emitir CO2, a Amazônia será destruída do mesmo jeito”, disse o ministro.
Silva disse mais tarde a repórteres que o novo governo superou a desconfiança européia em relação ao manejo brasileiro da floresta amazônica e “revisitará” o acordo de livre comércio com o Mercosul.
Lula disse que quer renegociar partes do acordo que levou 20 anos para ser negociado, para adicionar garantias ambientais e de direitos humanos.
Ela disse que o Banco Interamericano de Desenvolvimento, chefiado pelo brasileiro Ilan Goldfajn, está interessado em financiar projetos de sustentabilidade, enquanto a fundação do ator Leonardo DiCaprio busca levantar e investir US$ 100 milhões na Amazônia.
Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, representaram o Brasil no WEF e discutiram o roteiro econômico, social e ambiental do país em um painel.